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Leitura Adicional

ACADEMIA | Simpósio 2 do VI SIMELP (I)


08 November 2017 | By SISU Português | SISU

SIMPÓSIO 2 – LÍNGUA E LITERATURA PORTUGUESAS – ARTICULAÇÕES E MÚLTIPLAS ABORDAGENS

 

Coordenadores:

Raul de Souza Püschel | Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) | puschel@uol.com.br

Cristina Lopomo Defendi | Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) | crislopomo@hotmail.com

 

Resumo:

Este Simpósio pretende reunir apresentações de trabalhos que façam a articulação entre língua e literatura portuguesas ou demonstrem estratégias metodológicas para ensino de língua e literatura.

Apresentamos a seguir algumas questões que podem nortear as pesquisas a serem apresentadas: Quais as constantes linguísticas para a formação dos gêneros literários poesia lírica, poesia épica, conto, crônica, romance, drama e ensaio? Quais são ainda os elementos da língua que se apresentam como constituintes estruturadores de certas formulações da teoria literária? Ou seja, que elementos linguísticos, em certos teóricos e críticos, subjazem como centrais na formulação conceitual dos modelos por eles construídos? Por outro lado, indaga-se outrossim de que modo as modificações trazidas pelos grandes escritores contribuíram e contribuem filologicamente para mudanças dos padrões linguísticos e estilísticos, de modo intra e extradialetal? Além disso, de que forma o ensino de língua e literatura pode apresentar abordagens inovadoras e que trabalhem visando efetivamente leitura, fruição e análise textual? Como os diálogos entre língua e literatura chegam à sala de aula?

Espera-se, com este simpósio, fomentar a discussão sobre ensino de língua e literatura, a interface língua e literatura e a formação de professores de Língua Portuguesa.

 

Palavras-chave: Articulação língua-literatura, Sequências didáticas, Gêneros literários, Estilística, Filologia.

 

Minibiografias:

Raul de Souza Püschel é docente titular aposentado do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, do qual foi coordenador da Licenciatura em Letras. É bacharel e licenciado em Letras-Português e mestre e doutor em Comunicação e Semiótica (área de concentração: Literaturas). Ministrou, entre muitas outras, as disciplinas Língua Portuguesa, Literaturas Brasileira e Portuguesa, Redação, Literatura Ocidental de 1 a 7, continuando a fazê-lo, atualmente, como professor convidado. Lecionou em várias instituições e em diversos graus de ensino, bem como foi editor de revista Sinergia e tem colaborado com a revista Metalinguagens.

Cristina Lopomo Defendi é docente do quadro permanente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo e coordenadora do subprojeto PIBID Letras – campus São Paulo (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência). É bacharel e licenciada em Letras-Português (1994), Mestre em Filologia e Língua Portuguesa (2008) e Doutora em Letras (2013), todos os títulos pela Universidade de São Paulo (USP). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa, atuando principalmente nos seguintes temas: Gramaticalização, Livro didático de LP, Mudança gramatical, Leitura e Produção textual.

 

Resumos dos trabalhos aprovados

Comunicação 1

A teoria bakhtiniana e o ensino de literatura

Autora:

Mayra Pinto – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) mayrapinto@uol.com.br

 

Resumo:

Esta comunicação procura demonstrar a pertinência de alguns conceitos da teoria bakhtiniana do discurso para o ensino de literatura. Para isso, será analisada uma crônica de Machado de Assis, publicada jornal Gazeta de Notícias em 19 de maio de 1888, com base na abordagem axiológica desenvolvida pelos teóricos do Círculo de Bakhtin. De acordo com eles, a comunicação artística é uma forma de comunicação social como outras, o que significa que há alguns pressupostos próprios tanto da linguagem artística, quanto da linguagem cotidiana. Um deles é o fato de que a palavra na vida cotidiana tem sempre uma parte verbal e outra não verbal, subentendida. Essa parte determina os valores sociais do discurso, dados pela situação – composta por: espaço e tempo em que ocorre a enunciação; objeto ou tema de que trata; e a atitude dos falantes em relação ao que se fala, a apreciação valorativa. A compreensão dessa abordagem contribui para que o professor perceba a questão da ideologia sob o ponto de vista bakhtiniano – tudo o que envolve a visão de mundo e sua escala de valor. Essa noção permite perceber os valores, positivos e negativos, que atravessam todos os discursos, inclusive os literários, e os constituem como discursos pertencentes às mais diferentes vozes sociais. Com um bom domínio sobre a questão ideológica, como parte intrínseca de qualquer discurso, o professor poderá contribuir para formar um leitor literário não só mais crítico, mas também mais sensível às camadas dialógicas do texto literário.

Palavras-chave: Ensino de literatura; Teoria bakhtiniana; Machado de Assis.

 

Minibiografia:

Professora do quadro permanente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo. Editora-assistente da Linha dÁgua, revista do PPG Filologia e Língua Portuguesa/USP. Líder do GP/ CNPq / IFSP Grupo de Estudos da Linguagem – GELIFSP. Membro-estudante do GP / CNPq / USP Grupo de Estudos do Discurso da USP -GEDUSP. Pós-doutorado (2015) na Universidade de São Paulo. É autora de coleções didáticas de Português para os anos finais do Ensino Fundamental e de Noel Rosa: o humor na canção, FAPESP/Ateliê. Tem experiência na área de Literatura Brasileira, Literatura e Ensino, com ênfase na teoria bakhtiniana. Atua nos seguintes temas: teoria bakhtiniana, gêneros do discurso, discurso literário.


Comunicação 2

O contato em sala de aula com as traduções de Augusto e de Haroldo de Campos e o que disso advém, em termos criativos, para mudança de padrões linguísticos e textuais

Autor:

Raul de Souza Püschel – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) – puschel@uol.com.br

 

Resumo:

Nesta comunicação será discutido como pode ser trabalhada a tradução poética de Augusto e Haroldo de Campos em sala de aula. Isso será visto em diversas passagens da experiência docente do autor desta apresentação, principalmente nas disciplinas “Literatura Ocidental”, “Literatura Universal dos Últimos Trezentos Anos”, “Artes Clássicas”, “Formação de Repertório e Leituras da Contemporaneidade”, “Estilística”, “Prática Pedagógica”, “Literatura e Civilização: Aspectos da Literatura Comparada”, “Literatura Comparada”, “A Linguagem Poética: Teoria e Prática Textual” e mesmo em disciplinas ligadas à Língua Portuguesa, Literaturas de Língua Portuguesa e Redação. Nesta última, por exemplo, alunos do médio chegaram a fazer transcriação de poemas de Mallarmé e e.e.cummings. Sob mediação do processo ensino-aprendizagem, o aluno tem o enriquecimento da sua capacidade linguística e de sua capacidade textual por meio de exercícios de recriação poética, por exemplo, em Prática Pedagógica (Estilística), bem como a ampliação de seu universo cognitivo pelo contato com outras tradições e culturas, a partir do gesto de aproximação e deslocamento da “operação tradutória” (Borges, s/data; Eco, 2001; H. Campos; A. Campos). Será ainda possível avaliar de que forma a própria criação autoral de dos irmãos Campos sofreu os influxos de tal atividade tradutória (Püschel, 1999). As agudas fraturas sintáticas de Mallarmé em língua francesa (Hugo Friedrich, 1979; Octávio Paz, 1975) não teriam sido assimiladas como implosão do verso no Concretismo (Püschel, 1994)? Que outras experiências pelo contato tradutório ficaram marcadas na poética de Augusto e de Haroldo de Campos? O que assimilam os alunos de diversos graus de estudo, em geral, e os futuros professores de Letras, em particular, ao entrarem em contato com a transcriação dos irmãos Campos? Quais as mudanças de padrões linguísticos-textuais que daí advêm? Como o universo da tradução poética amplia os horizontes de uma língua, no sentido estrito, e da linguagem, no sentido lato (Pound, s/data)?

Palavras-chave: Irmãos Campos; tradução; assimilação; recriação; mudança de padrões linguísticos-textuais.

 

Minibiografia:

Raul de Souza Püschel é doutor em Comunicação e Semiótica e professor titular aposentado do IFSP. Neste último, foi um dos proponentes da Licenciatura em Letras, da qual foi o primeiro coordenador. Criou disciplinas, tais como “Formação de Repertório e Leituras da Contemporaneidade”, e, em parceria, “Literatura Ocidental”, “Literatura Universal dos Últimos Trezentos Anos” e “Artes Clássicas”. Foi ainda editor, revisor, parecerista e membro de conselho editorial. Publicou também um livro de poesia, assim como alguns ensaios.


Comunicação 3

A gramaticalização do item afinal em clássicos das literaturas brasileira e portuguesa

Autora:

Renata Barbosa Vicente – UACSA/UFRPE – renatab.vicente@gmail.com

 

Resumo:

Decidimos tomar por objetivo precípuo apresentar um estudo sobre a mudança gramatical que teria afetado a palavra afinal. Para dar conta desse quesito, metodologicamente reunimos algumas amostras de clássicos da literatura portuguesa e brasileira. Consultamos pelo menos três obras da literatura portuguesa, entre elas, o “Memorial do convento” de José Saramago, na qual já identificamos 52 ocorrências e pelo menos três obras da literatura brasileira, tal como, “Iracema” de José de Alencar, que conta com 6 ocorrências. Para fundamentarmos esta pesquisa tomamos por base Meillet (1912, apud CAMPBELL & JANDA 2001:95) que defende que é propriedade da gramaticalização a criação de novas formas, geradoras de categorias que causam uma reorganização do sistema. Também é importante o trabalho de Vicente (2009) que demonstrou em textos de jornais o processo de gramaticalização, em que ocorre um deslizamento funcional do item afinal partindo de um advérbio associado a tempo, para outros usos como marcador discursivo e a operador argumentativo. Hipotetizando que quanto mais erudito é o item-fonte, menos sujeito ao processo de gramaticalização ele está, é possível que os clássicos, dada a formalidade do texto escrito, não apresentem alguns padrões funcionais, tais como, os de marcador discursivo e operador argumentativo.  Então, haveria outras categorias linguísticas identificadas nesses textos?  Acreditamos, com base em resultados preliminares, que mesmo em textos mais formais teremos usos linguísticos, por exemplo, de marcadores discursivos, assumindo independência sintática em relação aos componentes da frase, provocando uma falsa impressão de não-integração à construção da sentença. Por fim, travaremos um diálogo entre gramaticalização e ensino, mostrando qual viés é adotado por alguns livros didáticos para tratar dos usos linguísticos do item-afinal.

Palavras-chave: funcionalismo; gramaticalização; marcador discursivo; operador argumentativo; clássicos da literatura.

 

Minibiografia:

Renata Barbosa Vicente atualmente é Professora Adjunta da Universidade Federal Rural de Pernambuco. É Doutora em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo, possui Mestrado em Letras pela Universidade de São Paulo – USP, participa dos grupos de pesquisa Mudança Gramatical do Português e Linguagem Cognição e Sociedade – LINCS, ambos da FFLCH-USP.


Comunicação 4

Língua portuguesa, Literatura, criação e criatividade

Autores:

Alexssandro Ribeiro Moura – IFG – alexssandro.moura@ifg.edu.br

Elisandra Filetti-Moura – CEPAE-UFG – elisandra.filetti@yahoo.com.br

 

Resumo:

O ensino de literatura é bastante importante para formação cultural, intelectual e humana no trajeto acadêmico da educação básica. Podemos perceber frequentemente que diversos projetos escolares têm se voltado para o letramento interdisciplinar que os textos literários podem oferecer (BRASIL, 2001). Nesse sentido, é necessário observar que o texto literário, sobretudo os clássicos, têm o poder de se atualizarem e se tornarem contemporâneos a diversas épocas, devido a sua universalidade e densidade estrutural e temática. Este trabalho consiste na análise de metodologias de ensino-aprendizagem de literatura e língua portuguesa que valorizam a criatividade e a ativação de estruturas de composição, bem como os efeitos estéticos próprios do domínio discursivo literário. Ações como produção de poemas, de curtas metragens, adaptação de peças teatrais e escrita criativa de contos e crônicas são exemplos de como é possível aprender as características de um texto literário através de atividades que se voltam para a criação e a criatividade, pois assim são ativados efetivamente aspectos estruturais, temáticos e estilísticos presentes nesses textos. A literatura ocupa um lugar de destaque na formação do pensamento crítico do corpo discente e assim deve ser entendida, já que, diferentemente dos textos funcionais do dia a dia, ela é capaz de incorporar diversos discursos, estruturas e estilos. Sendo assim, ela redimensiona a relação de leitor e autor com o tempo, o espaço e o contexto de produção, contribuindo significativamente para formação linguística e humana desses leitores. Esta pesquisa compreende uma análise de metodologias de ensino que valorizam a criação literária como eixo norteador do letramento literário, linguístico, artístico e interdisciplinar, a partir de experiências de leitura e produção textual, com alunos da educação básica, realizadas nas instituições federais de ensino brasileiras CEPAE-UFG e IFG-Aparecida de Goiânia, no estado de Goiás, Brasil.

Palavras-chave: Língua Portuguesa; Literatura; Ensino; interdisciplinaridade.

 

Minibiografias:

Autor 1 – Alexssandro Ribeiro Moura possui graduação em Letras pela Universidade Federal de Goiás (2004), mestrado (2007) e doutorado em Letras e Linguística (estudos literários) também pela UFG (2013). É docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa, Literatura e Cinema. É líder do NUPELID (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Linguagem, Inovação e Discurso Científico).

Autor 2 – Elisandra Filetti-Moura possui Doutorado em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Goiás (2014), Mestrado em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (1999) e Graduação em Letras pela Universidade Federal de Goiás (1994). Atualmente é professora do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação e do Programa de Pós-Graduação em Ensino na Educação Básica (PPGEEB/CEPAE/IFG). Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Gramática Funcional, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino de língua e sua funcionalidade, uso, formação de professores, entre outros.


Comunicação 5

Língua e literatura em movimento: uma abordagem metodológica

 

Autoras:

Ana Lúcia Furquim Campos-Toscano – Uni-FACEF Centro Universitário Municipal de Franca – anafurquim@yahoo.com

Monica de Oliveira Faleiros – Uni-FACEF Centro Universitário Municipal de Franca – molifafacef@gmail.com

 

Resumo:

Este trabalho é parte dos resultados do subprojeto de Letras do Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID/CAPES/Uni-FACEF) que tem como propósito promover a leitura de textos literários junto a alunos do 6º ano do Ensino Fundamental de escolas do Estado de São Paulo, na cidade de Franca. Na preparação das atividades desenvolvidas por nós, coordenadoras de área, e aplicadas pelos bolsistas de iniciação à docência, buscamos explorar a linguagem de textos artístico-literários a partir de sua organização textual e discursiva, ou seja, em seus aspectos semânticos, sintáticos, sonoros e até visuais a fim de formarmos leitores que realizem uma leitura sustentada na relação entre língua e literatura para a compreensão do que o texto diz e as extensões para outros textos e discursos. Sendo assim, o objetivo é apresentar nossa abordagem de ensino de leitura que privilegia o diálogo entre língua e literatura. Para tanto, nosso referencial teórico-metodológico são as reflexões do Círculo de Mikhail Bakhtin sobre gêneros do discurso, tendo em vista que o estilo, compreendido como escolhas linguísticas juntamente com o conteúdo temático e a estrutura composicional contribuem para a constituição dos enunciados, sendo que, para a investigação em torno da estrutura composicional, utilizamos teorias da narrativa e da poesia que se adequem à análise em processo. Os resultados são verificados pelo desenvolvimento da leitura dos alunos e, principalmente, na formação de futuros professores que, por meio de atividades práticas, preparadas e discutidas por todos os envolvidos com o projeto, vivenciam efetivamente essa relação entre literatura e língua.

Palavras-chave: PIBID; Leitura de literatura; Língua; Literatura; Gêneros do discurso.

 

Minibiografias:

Autor 1 – Ana Lúcia Furquim Campos Toscano, docente de Linguística do Uni-FACEF Centro Universitário Municipal de Franca e coordenadora de área do subprojeto PIBID Letras – Uni-FACEF. É licenciada em Letras-Inglês (1988) pela Universidade de Franca, Mestre (2003) e Doutora (2008) em Linguística e Língua Portuguesa, todos os dois títulos obtidos pela UNESP-Araraquara. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa e Linguística, atuando principalmente na área de Análise de Discurso.

Autor 2 – Monica de Oliveira Faleiros, docente de Literaturas do Curso de Letras do Uni-FACEF Centro Universitário Municipal de Franca e coordenadora de área do subprojeto PIBID Letras – Uni-FACEF. É licenciada em Letras Português-Grego (1989), Mestre (2003) e Doutora (2007) em Estudos Literários, todos os títulos obtidos pela UNESP- Araraquara. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literaturas de Língua Portuguesa, atuando, principalmente, na área de Teorias e crítica da narrativa.


Comunicação 6

Boca de Ouro: o trabalho com a recriação de textos literários

Autora:

Carla Cristina Fernandes Souto – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo IFSP – carla.souto@ifsp.edu.br / carla.souto@gmail.com

 

Resumo:

Partindo das teorias de Angel Rama, que mostra como na América Latina a distância entre a rigidez da palavra escrita e a fluidez da palavra falada fez da “cidade letrada” uma cidade escriturária reservada a uma pequena minoria, criando um desencontro secular entre a minuciosidade prescritiva das leis e códigos e a confusão anárquica da sociedade sobre a qual legislam estes códigos, a presente comunicação se propõe a fazer uma leitura da peça Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues, para analisar como como é construída a figura lendária de sua personagem principal, o banqueiro do jogo do bicho Boca de Ouro. Segundo Roberto Da Matta, o dilema brasileiro reside numa oscilação trágica entre um esqueleto nacional feito de leis universais cujo sujeito era o indivíduo, e situações onde cada qual se salvava e se despachava como podia, utilizando para tanto, o seu sistema de relações pessoais. Desta forma, haveria uma luta entre as leis que deveriam valer para todos e as relações, que evidentemente só valiam para quem as possuísse, como o bandido/herói Boca de Ouro. Sua figura é traçada, ao longo da peça, por uma mulher do subúrbio, D. Gugui, que representa por sua vez a voz do povo. Esta, com as suas versões cada vez mais elaboradas da história, vai transformando o bicheiro de personagem normal do cotidiano carioca em mito. Ela conta a história de um homem famoso e temido que conheceu de perto, mas, de acordo com o seu estado emocional, acrescenta novos pontos de vista para os mesmos fatos. Boca de Ouro traz à tona o mito do anti-herói urbano. A ideia é mostrar como a história é recriada a cada nova versão para, ao fim, trabalhar com os discentes a criação da sua própria versão da história.

Palavras-chave: Nelson Rodrigues; Recriação Literária; Reescrita; Dramaturgia.

 

Minibiografia:

A professora doutora Carla Cristina Fernandes Souto possui graduação em Letras pela UFRJ (1992), mestrado em Literatura Comparada pela UFRJ (1997) e doutorado em Teoria Literária pela UFRJ (2005). Desde 2010 é docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo – IFSP, desde 2013 ministra aulas no curso de Licenciatura em Letras, atuando também como Representante de SCL no Departamento de Humanidades.

 

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